31 de dezembro de 2008

O INCENSO SOBE







O incenso sobe

Último dia do ano

Poderia escrever um poema

Mas meu coração fala em redenção

Coisa tola essa não?

Piegas talvez

Poderia muito bem escrever as estrelas no papel

Como tenho feito, ou o sol na alma

Como tenho a tanto procurado

Poderia limpar minhas lágrimas ou mesmo

Irradiar a lua que me abençoa na noite

Ah, o incenso sobe

Meu pensamento é um

Que o amor incondicional

Volte aos corações da humanidade

Nessa época de tamanha purificação

Ah, lembro do meu mestre Meishu-Sama

Falando que ainda haverá Paraíso Terrestre

Mas para isso é preciso destruir esse mundo

Que se tornou materialista e egoísta

O incenso sobe

E sinto falta dos meus amigos distantes

E amo , e amo , porque minha frase é amar

Ainda que tenha ofendido muitas pessoas

Com meu jeito direto e louco

O incenso sobe e vibro eflúvios positivos para todos

Como se a fumaça do incenso purificasse a todos

Mas purifica sim

O incenso sobe

E nãopoema algum hoje meu desejo

De todos felizes e bem realizados

Porque desejo que o amor esteja em seus corações,

Suas almas e auras.

O incenso sobe

E há um tsuru (cegonha que representa a prosperidade)

Que lhes mando com minhas fotos de ikebanas.

O incenso sobe e o sol sai pra que eu lhes diga:

Toda felicidade pra vocês , junto com a prosperidade,

A paz e a saúde.

Um grande abraço.

Cássio Amaral.

31/12/2009.



30 de dezembro de 2008

DOSSIÊ CÉLIA MUSILLI




Célia Musilli conheci pela net, virtualmente.
O que mais define Célia é sutileza,leveza, além disso é uma mulher
bela,iluminada e uma Diva. Bela como sua poesia. Bela como mulher, mãe, amiga,
irmã. É diva da própria poesia, porque é poesia . Célia tem uma escrita
misto de sensualidade, misto de sabedoria e além disso
à flor da pele demonstra versos incandescentes, belíssimos
onde o fazer poético é um grito de vida, é luz do sol que diz
bom dia. Seus poemas refletem uma pessoa que é elevada.
Não tem como não gostar de Célia. Sua luz reflete tudo, sua
alma e seu coração.
Fiquei amigo de Célia,mas fiquei também irmão.

Segue em anexo alguns poemas dela:


DESPEDIDA

(para Suad)

na noite em que te perdemos
deixamos para trás
os dias sucessivos que vivemos
era só você estendida
outono precoce
março que despede
e flutua
a morte refletindo a vida
seu brilho refletindo a lua.


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ENCONTRO

morde meu corpo de marrom glacê
depois me beija com ternura louca
gosto derramado
a língua em minha boca
alimento preparado
entre a noite e o dia
hora mergulhada em mel
sândalo, sêmen, céu
na lua plena, a explosão do gozo
na madrugada, a sua doce companhia

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NOTURNA

mulher em pétalas
à luz da lua
flor do desejo
aberta e sua

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PACTO

vamos sentir o gosto
o sexo líquido dos gozos
plântcon, pétala, linguagem
corpos num rítmo de passagem
vamos ter nosso momento
um pacto no pensamento
a paixão tem asas e voa
ave cruzando o tempo
beijo molhado ao vento
o coração sempre dói
mas o amor é breve e perdoa


Poemas do livro Sensível Desafio

O blog da Célia tá linkado aí ao lado, ou no:

http://sensivelldesafio.zip.net/


28 de dezembro de 2008

DOSSIÊ BEBETO CICAS

Bebeto Cicas ( O de camisa vermelha)

Trago de imprevisto no fundo visto , "simetrizadas emoções do coração-casca-grossa-osso-duro-
de roer-&quot!", samba lelê, sangangum Torquatália, verve na marginalidade
outsider surfando o asfalto de Sampa com neologismos, pleonasmos e artilharia pesada
no esporro do silêncio, ou o silêncio que precede o esporro, um gozo profundo nô
âmago da palavra. Conheci Bebeto Cicas este ano em Sampa com Nuclear.
Noite de papo, verve e poesia. Cerveja, musica e arte na veia. Vila Madalena,
Metrô, e caminhada na madruga. Notei um lance no Bebeto há uma revolução nele,
um querer de mudança imenso, uma revolução que toca e se sente em sua verve, nos
seus versos, fiquem aí com uns poemas dele:

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Caneta Nova V
(A Força da Caneta)

Se fosse um fúzil...
Rajaria brevemente um livro...

A caneta que faz ponto rodando,
Parada pensando...

Em quantas folhas irei pontuar,
De quantos pontos preencherei uma folha.

"E o mesmo que o me derá... nem conhece ela..."

ela, fala muito,
E me procura nos meus saltos...
Entre os dois pulos.

Molho a ponta do dedo?
Ou mergulho?

É tinta que submete,
Um pouco mais velho é que vejo...
Atenção é tudo,
Dita os meus passos...

Uma força talvez supra...

__ Tem muita coisa dando certo... Eubem viu!

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Café do Poeta

Não acredito,
Acabou?
Irei faze mais um bule.

Porque fósforo?
O café do poetasempre no fogo,
Burbulhando o enunciado.

Água de dados,
Chaleira de surtos,
Tentando uma mágica...

Conquistar!
Passar uma energia,
Falar algo que convém.




Com suas histórias,
Ous nossas "estórias",
Este é o vínculo...

Viajar sem asas,
Recomeçar de perto,
Parar o fim.

Café pronto,
Xícara cheia,
Gosto de muito açúcar...

Aceita?
Esseforte,
Pode tomar...




Eu mesmo tomei cuidado,
Com medo de me queimar,
Quem sabe você gosta...

Não tem veneno,
dez estrófes,
Com trinta versos.

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Menino Cisco
(Homem de Pedra XI)

"alma camuflada, aqui escorpião vira lagarto colorido para esconder-se enganando em escombros..."

a trama legal para afiar-se as laminas ferronhas,
maliciosamente,
confidente,
calados,
matrizes de um per-curso gelado,
bichos escondidos,
com corpo de diabo.

peri-ulis...paulista,
latin-férico.

garras fincadas,
pernas cansadas,
alma em ressequez,
amassos dos dias,
beijos do frio...

Francisco de Assis França,
uma covardia mata Chico Science!02/02/1997

"os registros policias e periciais, constataram desde o inicio que um fato anomalo havia ocorrido no acidente investigado, verificou-se: que o cinto de segurança que estava afivelado e preso ao motorista do veiculo no momento do acidente, tinha se rompido na sua "lingueta" (parte metalica que se encaixa na trava presa no chassis ou no assoalho do carro.)"

"A imagem símbolo que a gente colocou do movimento é justamente a parabolica fincada na lama..."(Science)"nós temos que conciliar o passado com futuro.

"(Chico Enstein)(homem ciência)
cap. XI do homem de pedra

ai meu Carnaval brasileiro,
frevistas dos novos tempos,
contem-param,
as falas-lucas
,caibros-de-lama,
peixe lamíneo...

dos pastoris.
mulambastes,
mulambei-o,
mulambe...

tem ruas,
tem mangues,
na volta da estrada o sangue,
em anos que derrama...
a mulambaria,
desmulambada,
mula-lua,
lambe-mangue...

homem de pedra,
de mangue,
do caos,
as coisas são feitas,
e a ciÊncia...
é de Chico...

lamas,poças,patas,
olhos de antenas,
disvirtual,gulino...

"ele atravessou antes das barreiras um lamaçal-de-caos, e misturou lama no estúdio, e viu-se os beats-de-malungo, trouxe-nos biodiversidade musical."

chutes,bicas,descalço,
crustáceos,dedos,presos,
em buracos...

afundou-lhe a mão,
tocou...

fez-se o som,
a soar em pontes de barros.

maracatu-as,
as-maraca,
sonoliando,
sublipando,
sampleando...
tem batuque,
macumba,
coco-de-roda,
se há folguedos,
em fogueiras,
foguete sônico-noro.

atômico,biônico,
anglo-sax-music
,mis-mix-tape,
discos-vitrola-moeda,
etni-flora-risos...

a morte é triste,
e o terceiro mundo é bravo,
desmancha figuras univer-versais...


Humberto Fonseca
...nada como mais um capitulo do homem de pedra, essa série eu curto escrever.

dub-roots-corres-em:
http://www.periferiaspaulistas.blogspot.com



Os blogs do Bebeto Cicas estão linkados aí ao lado, ou nos:

http://www.oagorismo.blogspot.com/

http://www.periferiaspaulistas.blogspot.com/



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25 de dezembro de 2008

DOSSIÊ MAICKNUCLEAR.


No meio de um mundo sem alma surge uma ogiva de luz, um guerreiro,
surge uma luz maior, alguém que detona seu atol de vícios lúdicos,
guerrilheiro além do meu doce valium starlight, poeta, sobretudo um poeta
mas na prosa é a própria bomba atômica.
Nuclear, MaicknucleaR eiditor da Revista Lasanha, escritor,
rapper, cantou, compositor, artista que impressiona.
Tomei algumas cervejas na Vila Madalena com ele, andamos
pela Augusta vendo as putas. As putas santas (sabemos porque)
claro são mais honestas que muitas mulheres. Ou não.
Maick é algo de se reverenciar. É um erai pra mim, um sensei.

Alguns escritos do maick ai:

Tocada 5: Mordendo a língua

Desrespeito seria olhar-te sem malícia. Sem me
imaginar flanando em seu ventre de algodão.
Agasalhando em tua lã de cor não lembrável. Ou
punhetando o dedo em tua boca mística enquanto
enrabo tua consciência de literata.
Don't let me fucking dow, bitch. Há cinco gramas de
enfermidade entre meu espírito (de lhe querer) e tua
carne (esquentando a minha) que corrompem toda a
explosão do atrito . E sem atrito, sem fogo. Só o frio
das quatro e meia, teus cigarros cansativos e
minhas velhas veleidades nada sóbrias.

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Tocada 6: Calada Trip

Tá. É lógico que não vão me chamar. Também: eu
parado chamo mais atenção que uma nave
espacial. Aí que ego vai me querer por perto? Mas
foda-se. Noventa e oito por cento minha
tecnologia diária é auto-sustentável (ou seja: nada é
inatingível e todos são dispensáveis, seja lá quem
for). Só peço para que tenha muito cuidado por
onde anda, pois todos os loucos de hoje
são caretas ricos que não tomam banho ou escovam os
dentes.

"A mina mora nos Jardins e sonha em ser uma puta
gangueira. Será que só ela não percebeu que a
Augusta é pop???".

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Onde terminam as preces

Versículo 12

Eis que me vejo, pisando em terras sem lei. Na
fronteira exata entre o céu e a insanidade.
Caminhando por escombros que exalam um forte
odor de fezes humanas. Debaixo do céu a parte
arruinada e obscura desta poderosa megalópole.
Eis que me reencontro com lugares onde as
perversões mais hediondas habitam. Onde a
violência é a única linguagem: a linguagem das
ruas.
Este é meu perigoso vagar, por ruas onde o Jazz
não existe, mendigos descansam em paz e
prostitutas psicóticas de topless te ameaçam com
navalhas enferrujadas.
[meu pensamento diz]
É cara, onde você foi parar? Reza pra ter asfalto
suficiente pra te levar até aquele retângulo de luz,
no final desse túnel interditado pela C. E. T.

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Do livro Meu doce VALIUM STARLIGHT

O blog do MaicknucleaR está linkado aí ao lado, ou no:

http://maicknuclear.wordpress.com/

23 de dezembro de 2008

DOSSIÊ ROBSON CORRÊA DE ARAÚJO


Robson Corrêa de Araújo é um fotógrafo. Fotografia quer dizer
escrever com luz. É isso que Robson faz, seja na fotografia,
seja na filosofia, seja na poesia ou no romance.
Recentemente lançou seu romance BR INFINITA pela Iluminuras.
Robson é um pensador fenomenológo, é um cara ímpar.
Cinco minutos de papo com ele e você já percebe que é um filósofo nato,
um cara gente boa, humano e humanista.

Alguns poemas aí do Robson:


BLUES

Amora balança
Cai dentro
Esmaga fruto garganta
Hemácia
Isto junto Ku-Klux-Klan,
Lábia
Moiriza, nutre
Oba
Poeta quibungo
Revise sintagma
Tá, uso verso watt - metro
xiririca y zuarte

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NA MOITA

No bar cair dormir
Estante
Furto gole homérico
Inferno
Juramento, Kant lição
Morte
Noite ou pirar, querer rua
Sumir,
tombar uva, vinho
Wad
Xá, y Zamboada...
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INICIAÇÃO

Arteiro, bobagem criança
Desvio
É estilingue finca
Goma
Hálito, imã, janela
Kaiser
Menino namorando
Onde prima quis rabicho
Sob tábua urgente
Vira Whist
Xairel y zelo...
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MARCIANO

Atleta bamba combina
Distância
Estilo
Façanha
Golpe
Himildade inverno
Jacarandá
Kantismo
Laila maior
Nuança olímpica
Parte quão rijo sacerdote
Tem unicidade
Voa windsurfe
Xogum y zum

Poemas do livro Y SEMIÓTICO

O blog do Robson está linkado aí ao lado, ou no:

http://punctumstudium.blogspot.com/

21 de dezembro de 2008

DOSSIÊ FLÁVIO OFFER


Flávio Otávio Ferreira, ou Flávio Offer.

Seu Cata ventos gira e dá ventos a Pegasus.
Flávio escreve como quem toca um trumpete, como
quem tem vontade de vida. Como quem brinca com nuvens.
O vento voa e voa mas seus poemas batem e ficam.
Veio de João Monlevade e cruzei com ele num hotel que
eu trabalhava. Ele era hóspede lá. Alguém disse que eu
era poeta. Não sei quem, acho que Jorginho Vinnis.
Ficamos amigos, trocamos nossos livros. Tomamos umas.
Flávio Offer tem poemas e contos publicados nos blogues do
Brasil. Sua escrita é de um montanhoso. Sua alma é de um
artífice das letras. Sua presença é alegre e jovial. Seus poemas
são de alguém muito sacado e que sabe construir o mosaico.

Fiquem aí com alguns poemas de Flávio Offer:


UM ABORTO

No desespero de ver a vida passar
rabisquei palavras vazias
sobre estas pautas nuas...

E nesta desventura
fui gerar mais uma vida,
entrelaçado nas fadigas
e em tuas pernas,
fizemos a mais bela poesia...

Ao fim da noite
e destas loucuras,
mergulhamos
no mesmo vazio...

E a solidão
que nos invadiu
fez-me rasgar esta página
e abortar mais uma poesia...

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POESIA VIVA

A poesia não possui tempo nem espaço,
nem cor, nem dimensão certa,
pois no vazio,
o traçar de uma reta
traz poesia
aos olhos do poeta...
Poesia pode ser objetiva,
ou mesmo subjetiva,
depende do coração que cultiva...

A minha é um
barco
à
deriva...

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PROFECIA

Antes que o sol se ponha
No infinito
Rubor da tarde
E venah a noite
Escandalizar
Nossas fadigas,
Iremos nós, nos despir
Da desesperança
E mergulhar nesta nostalgia
Que se confirma...

E desvendados todos os mistérios,
Renasceremos
Para uma nova vida!

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Poemas do livro CATA VENTOS O DESTINO DE UMA POESIA.


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IV

Oh, Maiakóvski! Que ânimo te arrebataste
Desta vida estúpida?
Que verme atravessara-lhe a alma
A correr todas vossas esperanças?

Ah, meu caro poeta, seus versos traduziram
O espírito de uma época...
Teu grito, tua voz ecoaram na revolução.
Mas, onde foste?
Que miserável sentimento tomara conta de ti?

Não compreendo! Lançaste sobre vós,
Sobre vosso próprio corpo, toda a ira,
Todo despropósito em viver.

Oh, meu amigo, por que puseste uma bala
Em teu próprio peito?
Que motivos, que revoltas, que amores?
Tu foste homem, foi poeta.
Decidiste com coragem seu próprio destino,
Escreveste com a pena vossa própria pena,

E eu? O que faço de minha vida? ..
Não sou tão homem, nem tão poeta,
Encolho-me nas multidões,
Sou mais um, enchendo o papel de palavras,
Gritando meus silêncios e mais nada.

Ah, meu irmão, meu camarada...
Se houvesse em mim uma gota coragem
Chegaria "ás vias de fato", esmagar-me-ia, pois.
Mas, não sou grande como vós,
Nem tenho, sobremaneira, vossa postura,
E, meus versos são calejados, inspirados
Na insatisfação que é a vida, que vida!

Ah, se pudesses me ouvir!
Que conselho me darias, proletário poeta?
Há tempos a vida perdeu a cor e a razão
E minha inspiração está no enfado, no tédio.
Não encontro sentido na revolta, na luta,
Tudo se transformou em uma névoa obtusa,
Numa escuridão infinita, que nem percebo
O brilho da vida.

Sim, terei um dia, no desconsolo de um quarto
Escuro, a hombridade de silenciar-me.
Calarei para sempre esta voz
Que insistente vos declara minha covardia;
E, quando cessar-me de ser covarde,
Não haverá tempo para ter coragem,
Pois minhas mãos, tremendo de velhice,
Aceitarão, resignadas, a loucura que é viver
À espera da morte.

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SAGRADO CORAÇÃO PROFANO


I


Sou potencialmente culpado
Uma culpa que vem de gerações ulteriores
Pois do passado só poeira e cinza restam nas vidraças
Espectros e vultos que se avultam do chão sequioso
E, em torrentes, sobem até os vãos das janelas

Lambem as cortinas negras
Que balançam na escuridão da noite silenciosa
Não há espaço para dois corpos num mesmo lugar
indefinido
Mas há a indefinição de corpos num mesmo espaço
simultâneo
As sepulturas se abrem, esperam desesperadas
Gritam, clamam... querem a carne pálida do indigente,

Mas lhe é negada a oblação
Seu espaço é definido demais e os corpos ainda se
contraem
Numa busca desamparada de viver
Vivem o homem e o cão
Vivem a mulher e a serpente
Serpenteiam seus corpos oblíquos a enlaçar o homem
A sufocar o cão
Mas a morte não vem, não vem a doce lembrança,
Não vem o grito, nem vem o silêncio,
Apenas o descompasso absurdo de vultos que dançam
Sob um ritmo alucinado de Valquírias ensandecidas
Eis que surge a espada
A lâmina reluzente e mais nada...

Poemas tungados do blog do Flávio

O blog do Flávio está linkado aí ao lado, ou no:


http://flaviooffer.blogspot.com/

17 de dezembro de 2008

DOSSIÊ L. RAFAEL NOLLI.


Lucas Rafael Nolli (L. Rafael Nolli)

Coquetel Molotov na mão e muita leitura. Links com outras artes,
cinema, literatura , música e teatro.
Sabe de música e sabe o que é Sinfonia para guitarra, fuzil e baioneta.
Poeta no cinema mudo de um mundo particular.
Um dos caras mas sacados e iluminados que conheci.
Sem frescura, alma ampla e inteligência fulminante.
Sua poesia mescla Drummond e Marx, mas há nela ainda uma
vontade voraz e Revolução. Potencialismo. Há nela também uma bomba
no coração de um desejo de mudanças. Há um grito, um arrepio
e continuidade. L. Rafael Nolli é um poeta batera, duas baquetas,
uma bateria de silogismos, metáforas, de construção bem feita,
de artilharia pesada na verve do texto.

Fiquem aí com alguns poemas de L. Rafael Nolli


Poema

A um toque das mãos ter as pessoas,
poder ver na vida delas nossa vida continuada.
Pioneiras que antes de todos foram ao fundo
e dele regressaram como avisos, precauções.

A um toque das mãos ter as pessoas,
ser feliz com elas enquanto transitam-
estentendo a fronteira de nossa alegria
às ruas onde não eram aceitos os nossos passos.

A um toque , para o bem ou para o mal -
ter algo quebrado quando se embrutecem,
se ferido quando se atracam,
quando se estilhaçam, ter algo partido.

A um toque das mãos ter as pessoas,
poder viver nelas o que não nos foi possíve -
em seus pulmões o ar que nos foi recusado.
Seus sonhos e os nossos em uma mesma sala.

A um toque das mãos ter as pessoas,
ver nossa vida em suas vidas continuada.

Poema tungado do seu blog.
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X

12/04/04

fazíamos amor no 235
enquanto J. G. Pereira lançava , triunfante,
seu cinto na viga sobre sua cabeça...
onde em instantes estaria gangorrando pelo pescoço.

(O rádio desligado emudecia seu canto fúnebre
com uma responsabilidade lastimável -
nós gozávamos no 235, alheio a valsa
de seus pés sem chão)

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XXXIX
24/01/04

Como pode ser bom esse nosso espetáculo que se inicia com um
abrir de pernas e termina com um baixar de caixão?

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XXII

29/08/03

Funerais para a Poesia, viva! Enterro em caixão vazio.
"O corpo se perdeu na correnteza", dizem os homens do resgate.
"O corpo? Destroçou na explosão", afirmam os peritos policiais.

O povo:

_ O pouco juízo do concreto lhe baratinou as idéias.

_ Ter nascido lhe estragou a vida...

Funerais para a Poesia viva! Cemitério vazio, epitáfio em branco.
A poesia morta não se cravou no mármore frio de sua própria lápide -
nem, nas estrelas, foi descansar em paz. Ela atormenta-se no limbo escuro.
(A utopia celeste, atômica, a massa de hidrogênio a nauseava. ) Cemitério
vazio: sem um único sussurro de um orador.
Um dia ela bate em nossa janela e diz: "Voltei". Daremos
ela por assombração barata, e zás: lá vai ela de novo erguer seu
vôo de Ícaro e quedar como Ismália.
Pronto, lá vai ela!


Poemas do livro Memórias à beira de um estopim


O blog do L. Rafael Nolli está aí ao lado, ou no:

http://rafaelnolli.blogspot.com









16 de dezembro de 2008

DOSSIÊ RICARDO WAGNER

Ricardo Wagner é um poeta maldito nato.

Um poeta que rasga o verbo e traz o sangue.

Talvez Baudelaire o chamasse para tomar um pouco de haxixe ou ópio.

Ou Rimbaud lhe desse armas. Mas Ricardo tem armas.

Armas na amplidão do olho do furacão.

Quem o conhece sabe disso. É um filósofo nato, arguto, inteirado e

sobretudo sabe o que diz num texto.

Seus poemas são vísceras , são cacos de vidro. Ele nos últimos tempos cansou

de poesia. Segue embaixo alguns poemas dele.


PÉLAGO


A chaga entra em erupção,
Escorre a lava do tormento,
Devasta tudo no coração,
Deixando-o lúgubre, cinzento.

Eis a chaga do Abismo, irmão!
Queima, e as cinzas pelo vento
Levadas ao Abismo negro são:
Abismo que com afinco experimento.

Bárbaro sadismo que devasta...
Ó! epidemia e impune Melancolia,
Pra teus suplícios não há o basta?!

Na Desventura que rodeia, procria...
E triunfa esta Realidade incasta,
Que para refugiar, há pouco eu dormia.

Do seu primeiro livro RUMORES DA EXISTÊNCIA



NEM TUDO QUE RELUZ


É VAGA-LUME

PODE SER

VAGA-BUNDA
.

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AM ORT EAM O

AMOR TE AMO

A MORTE AMO

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A VIRTUDE
CABE NUM LIXO,
MAS NÃO CABE
NUM DIPLOMA.

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E COMEÇO
E COMEÇO
E COMEÇO
E COMEÇO
E COMEÇO
ECO MEÇO
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Um papel vês tido de branco.
Mas virgem
Que o Paraíso,
Mais profundo
Que aquela puta.

Um papel em branco
É mais virgem
Que uma fada,
Mais foda
Com aquela puta.
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META AMORFO$E
METAMORFOISE
METAMORFOSSE
METAMORFOICE
METAMORFORCE
METAMORFODE


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não sei
se hai-kai
mas eu cai

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palavra é porra
em um mundo estéril.

língua
introduzida
em idéias frígidas
introinduzidas.

que o papel
amarreganhe
as pernas.
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Espermar um poema
É arrancar o cabaço
(Com a ponta de aço)
Do papel-anêmico
Próximo ao esquema
Do girino esquizofrênico
Internado no saco.

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NA
REALIDADE

FIC SÃO

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Ser mais um poeta...
Apenas imprimir poesias?

Poeta sim, quem escancara
A página da Vida
Ilustrada na cara
Com todas as nuanças
Que tem direito a Ferida.

Poeta, bardo, aedo...
Quem assume
O compromisso
Que compr'omisso?

Quem assume
E finca seu estandarte
No cume
De seu estrume.

Do livro COM FISSÕES DE UM
PROTUSUÁRIO DE BOTECO.

O blog do Ricardo está linkado aí ao lado, ou no:

http://prodigus.blogspot.com












MARLA LANÇA SEU LIVRO HOJE NO RIO

A amiga Marla de Queiroz lança seu livro hoje no Rio.


Maiores detalhes no blog dela linkado aí ao lado ou no:

http://www.doidademarluquices.blogspot.com/

14 de dezembro de 2008

FAÍSCA

poema de bate pronto
três versos
e ponto


chove de repente

Lenine e Olho de Peixe

feixe na luz da música



a dúvida é o princípio da crença
Confúcio me diz na noite
quando olho na estante os prazeres e os dias
de Marcel Proust


todo haicai
explode um silêncio
no átimo que sai


noutro planeta
aceno poesia
em rítmo de disco voador

meu arcanjo diz fagulha
quando brinco
no recreio do texto

13 de dezembro de 2008

EXISTENCIALISMO

A noite sopra metonímias
reviro versos alhures
rimo tempo
com séculos
faminto enlaço Mércurio
A lua no céu me dá a visão da alma
"Descartes, Leibniz, Hume têm uma mesma
concepção da imagem. Só deixam de concordar
quando se trata de determinar as relações
entre imagem e pensamento"
Abro o portal pra Sartre que faz sinal rindo
e acena uma visceral egrégora coletiva
Sinto com meu coração tocando banjo
Enquanto meu eu verifica os dois sentidos do humanismo
na existência do momento presente.

10 de dezembro de 2008

TRIBAL


I


Depois da chuva

Calmaria que transcende

Society na voz de Eddie Vedder


II


Meu anjo me olha assustado

Quando nu

Digo orações nas estrelas


III


Uivo na mente

Pra lua que cresce

Como um pajé soprando o tempo


IV


Minha tribo dorme

E faço as poções mágicas

Curando feridas passadas.


V


Fumaça no sinal

No destino da estrada

Br infinita trazendo outras constelações


VI


Toco meu tambor

Na calada da noite

Fazendo pajelança no céu.


VII


Meu tambor é destino de uivo

Quando faísca no céu

Profecia que nu anuncio


08/12/2008