12 de fevereiro de 2009

DOSSIÊ IOSIF LANDAU


Iosif Landau é de Bucarest, Romênia.
Sua escrita reflete a claridade de alguém que sabe o que diz.
Escreve de forma direta, clara, retratando o Humano Umano.
Lembranças, percepções, vivências, sabe que há uma coisa
superior entre nós meros mortais que se chama arte.
Sabe perfeitamente como dizer, seus escritos são rasgantes
e cortantes numa pegada de Bukowski, mas sobretudo de
uma inteligência e cultura ímpar. Saca de História, de Mitologia
e Filosofia. Saca de Jazz e seu blog é uma boa oportunidade
para que quer ler o que é bom.
Um poema aí de Iosif Landau:
NO MAR
antes de eu bater as botas
quero descansar no o apê de uma puta
não de qualquer uma
no daquela que fodi numa tarde gris
e ali vou sonhar com minha pica dura e chorar
e depois de esticar espalhem minhas cinzas no mar
e assim sem muito discutir deixem - me ouvir
Dick Farney cantar Copacabana Princesinha do Mar
não fiquem me olhando nem me vigiem,
deixe-me sonhar e que ninguém ouse chorar
quando espalharem minhas cinzas no mar
do Lido ao Arpoador no miolo do horror
da Siqueira Campos a Constante Ramos
onde putas e veados são malocados
onde cafetinas e otários jogam cartas
a todos os safados e filhos da puta convido
ver minhas cinzas jogadas no mar
não há outro lugar pra escolher
outro lugar que eu vivi tanta sacanagem
nenhum outro bairro me empolga
Sodoma e Gomorra na palma da minha mão
ônibus e carros empesteando o ar
pés sujos ainda vendem cachaça fajuta
sardinha da ante ontem pernil cagado de moscas
que todos ali estejam
quando minhas cinzas serão jogadas no mar
fui boa praça bom sujeito cara direito
mas depois do pôr do sol vivi como puta sacana
pretos, brancos, judeus e rezadores no mesmo saco
vagabundos trabalhadores mulheres desesperadas
traficantes da esquina drogados da latrina
o bairro se alimenta do sangue desses fodidos
essa é a verdade pura
não minto quando falo venham assitir
minhas cinzas jogadas no mar
bem, aqui estou e me olhos
ainda estou inteiro feliz da vida
por ter vivido nas ruas de Copacabana
fui e sou homem do asfalto dando porrada
se pisarem de mal jeito no meu calo
sou filósofo auto denominado da ralé urbana
morador da areia e do mar
inquilino do cemitério de concreto
não dá pra viver por aqui e ser bunda mole
exigo que minhas cinzas sejam jogadas no mar
não quero ser enterrado em cemitério nenhum
meus restos mortais apodrecendo devagar
quero estar perto da sacanagem da putaria
e da vida que valeu o esforço de ser vivida
e assim lhes peço
no meu leve pra longe quando eu bater as botas
me deixem aqui perto
joguem minhas cinzas no mar.
IOSIF LANDAU
O blogue do Iosif está linkado aí ao lado, ou no:

2 comentários:

Nanda Assis disse...

rs gostei muito do texto dele.

bjosss...

Anônimo disse...

meu amigo meu camarada, um grande e apertado abraço, você é boa alma, generosa e carinhosa, te desejo um caminho longo não muito penoso, e te asseguro que encontrará o que procura, é só ter paciência heroíca pra continuar a luta