11 de dezembro de 2011

Um poema de Jorge Vicente do livro Hierofania dos Dedos

33.

eu d'esta glória só fico contente
que a minha terra amei, e minha gente4
                                   antónio  ferreira


o meu olhar abarca todo o mural
da cidade, como se ela existisse
apenas em pedra, sem as pessoas
e sem o rumor dos mercadores,
ardendo no repasto dos seus olhos,
ávidos do sacrifício das águas
e pedindo que o país não seja
mais do que um sonho infantil.


lá em baixo, na cidade antiga,
as mulheres da vida encostam os
seios no colo da Virgem e escrevem
poemas, como se de orações fossem
feitas a frieza dos barcos, navegados
     por homens e não por peixes.

 o olhar da mouraria é feito do meu
olhar, o olhar do castelo na altura
do são pedro, o olhar das gentes que
se enfeitam e que descansam o sal no
coração da areia, esperando que Deus
traga a morte na próxima revolução das
                             ondas.


Podem ler mais Jorge Vicente no blog dele:

http://jorgevicente.blogspot.com/

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